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Depressão |
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Numa
visão social, a depressão parece ser um mal(1)
da modernidade, principalmente nas grandes cidades. Vivemos sob a pressão
do excesso de trabalho, da insegurança das crises de um mundo globalizado,
da criminalidade e principalmente do afastamento interpessoal em cidades
cada vez mais populosas e individualistas. Nossa sociedade é altamente
competitiva e muita vez desvaloriza as questões humanas. O estandarte
da eficiência e da produtividade em nome da ordem e do progresso
pode massificar severamente os cidadãos, não como uma força
externa apenas, mas pior, como uma norma incutida em cada um. O que, quando
ao extremo, pode impedir o crescimento pessoal estancando grande parte
da humanidade do indivíduo e conseqüentemente da sociedade
que faz parte. |
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As
necessidades físicas como alimentação, habitação,
saúde, etc. requerem grande parte do nosso tempo e esforço.
E as necessidades psíquicas como relacionamentos afetivos, educação,
conhecimento, criatividade, acolhimento, laser, etc. costumam ficar em
segundo plano. Não desqualificando a importância das necessidades
de subsistência, mas também lembrando que o que escolhemos
fazer sempre tem haver com nossas necessidades psíquicas a priori.
O problema é que no dia-a-dia podemos nos esquecer dos motivos
internos que nos levaram a exercer certas escolhas, nos levando a uma
cisão, divisão, entre o mundo interno e o mundo externo.
Influenciados por uma sociedade normativa e racionalista (patriarcal),
nos afastamos do nosso mundo interno, esquecemos das nossas motivações,
sonhos, projetos que tinham como finalidade satisfazer nosso desenvolvimento
interno. |
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O distanciamento do mundo interno pode acarretar inúmeros distúrbios psíquicos, visto que o ser humano tem por natureza o seu desenvolvimento pleno (Processo de Individuação). Se observarmos a natureza veremos que todo ser vivo tende ao desenvolvimento pleno. A estagnação do desenvolvimento, causado pelo distanciamento, cisão, trauma, ou qualquer outro motivo pode ser um gerador de patologias. |
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Podemos
classificar pelo menos dois tipos de depressão: a depressão
normal (BYINGTON, 2008) e a depressão patológica. A depressão
normal pode ser comparada a posição depressiva estudada
na psicanálise, onde se atinge uma estado de equilíbrio
integrativo, quando compreendemos e aceitamos várias partes da
realidade que podemos julgar como boas ou más, agradáveis
ou não (ver Função
Transcendente e Símbolo). Na depressão patológica
não se atinge tal equilíbrio, ou tomada de consciência,
a Energia Psíquica “escoa”
para o inconsciente deixando a consciência
com pouca energia, alterando o funcionamento da pessoa como um todo. Tem-se
a sensação de falta de vontade, desânimo, tristeza,
angustia. Isso pode ocorrer de forma mais branda e se arrastar por anos
(distimia), ou de forma mais forte em momentos de crise, de grandes perdas,
traumas, etc., ou mesmo sem motivo aparente (inconsciente),
que pode ter duração variável. É claro que
quando sofremos grandes perdas é esperado que passemos pela depressão,
introspecção, já que precisamos de tempo para a elaboração
interna, e assimilação da realidade. Mas, quando este estado
depressivo perdura por longo tempo, ou quando não há motivo
aparente é sinal que algo se fixou, e se encontra em dificuldade
de resolução. O desenvolvimento interno pára, pois
a Energia Psíquica não
pode fluir em equilíbrio e regride ao inconsciente.
Temos a sensação de ter parado no tempo, ou de perdermos
a criatividade, o brilho da alma, a inspiração. Podemos
nos acostumar com o sofrimento e esperar que o tempo traga a cura. Ou
ao invés da postura de entrega, de desistência, podemos procurar
uma saída, para nos sentirmos bem, buscar o equilíbrio interno,
por exemplo com um tratamento psicoterapêutico. |
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Os medicamentos psiquiátricos são de grande auxilio se bem utilizados, pois não devem ser confundidos como a possibilidade de corrigir um sintoma psíquico com um desequilíbrio bioquímico (BYINGTON, 2008). Caso o distúrbio tenha origens psíquicas é com o tratamento psicológico que se pode atingir o equilíbrio que falta. Sabendo disso, os medicamentos bem indicados são auxiliares para que a pessoa obtenha mais Energia Psíquica para que então, possa investir em sua re-elaboração psíquica, em um tratamento psicoterapêutico das dinâmicas inconscientes. | |||
(1)
Assim como a Síndrome do Pânico (fobias) e os Transtornos
Alimentares. Pois, o número de casos parecem ter crescido muito
nas últimas décadas. |
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Nilton
Kamigauti - 2008 |
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