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Função
Transcendente e Símbolo |
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A função transcendente se refere ao processo de transpor, superar a unilateralidade ou conectar os opostos consciente e inconsciente. |
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Lidar
com o inconsciente é um processo [...] cujo nome é função
transcendente, porque representa uma função que, fundada
em dados reais e imaginários ou racionais e irracionais, lança
uma ponte sobre a brecha existente entre o consciente e o inconsciente.
É um processo natural, uma manifestação de energia
produzida pela tensão entre os contrários. (JUNG, 1987b,
§ 121, p. 72) |
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A
função transcendente é o processo psíquico
da possibilidade de uma nova síntese. É a superação
dos opostos que leva à integração, com a assimilação
de conteúdos inconscientes. A superação dos conflitos
enantiodromicos e o fim da unilateralidade do ego. |
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Se
a expressão inconsciente permanecer intacta, formará a matéria-prima
não para um processo de resolução mas de construção,
e ela se tornará o objeto comum da tese e da antítese. Tornar-se-á
um conteúdo novo que dominará toda a atitude, acabará
com a divisão e obrigará a força dos opostos a entrar
num canal comum. E assim acaba a suspensão da vida, ela pode continuar
fluindo com novas forças e novos objetivos. (JUNG, 1991a, §
916, p. 449) |
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De
forma similar à função transcendente, o símbolo
se refere à imagem significativa, que contém aspectos conscientes
e inconscientes. O símbolo é um produto expressivo do inconsciente
resultado da tensão dos opostos vividos no decorrer do processo
da função transcendente. Assim, o símbolo como a
função transcendente, solucionam os conflitos entre os opostos,
já que os unificam em uma nova totalidade. A função
transcendente é o processo, e o símbolo a expressão
resultante. |
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O
símbolo [...] pressupõe sempre que a expressão escolhida
seja a melhor designação ou fórmula possível
de um fato relativamente desconhecido, mas cuja existência é
conhecida ou postulada. (JUNG, 1991a, §903, p.444) |
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Os
símbolos exercem uma certa fascinação devido ao seu
aspecto inconsciente (numinoso ), ou seja, há nos símbolos
aspectos com significado (consciente) e mistério (inconsciente).
Os símbolos apresentam uma ponte ou síntese capaz de unir
o que por definição são antinomias (as polaridades
consciente e inconsciente), uma vez que aquilo que é consciente
não é inconsciente e vice-versa. |
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O
símbolo é sempre um produto de natureza altamente complexa,
pois se compõe de dados de todas as funções psíquicas.
Portanto, não é de natureza racional e nem irracional. Possui
um lado que fala à razão e outro inacessível à
razão, pois não se constitui apenas de dados racionais mas
também de dados irracionais fornecidos pela simples percepção
interna e externa. (JUNG, 1991a, §912, p. 447) |
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Como
resultado de um processo o símbolo contém significado, e
numinosidade para aquele que suportou a sua criação, a função
transcendente. Ou seja, um símbolo é significativo para
a pessoa que sofreu entre as tensões das polaridades sem escolher
um lado de forma unilateral, mas ao contrário dando igual valor
as polaridades até o surgimento do símbolo. Este não
é nem uma polaridade nem outra, mas um terceiro, capaz de integrar
novamente o que a consciência havia separado. Assim, o mesmo símbolo
pode ser apenas um signo, um sinal, para outra pessoa que não percebe
no mesmo um significado numinoso. |
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Jung
sustentou que se os dois pólos são mantidos em tensão,
uma solução surgirá se o ego puder livrar-se de ambos
e criar um vazio interior no qual o inconsciente possa oferecer uma solução
criativa na forma de um novo símbolo. Este símbolo apresentará
uma opção de movimento para diante que incluirá algo
de ambos - não simplesmente um meio-termo, mas um amálgama
que requer uma nova atitude por parte do ego e uma nova espécie
de relação com o mundo. Esse processo pode ser observado
quando as pessoas se desenvolvem em terapias e através da experiência
de vida - quando superam seus antigos conflitos, assumem novas personas
e integram partes anteriormente inaceitáveis de si mesmas. (STEIN,
2006, p. 113) |
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Também
se pode falar de símbolos coletivos, os quais têm numinosidade
para toda uma coletividade que compartilham experiências conjuntas. |
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Do
contato com a consciência de uma coletividade e sua problemática
nascem os símbolos coletivos (como, por exemplo, uma mitologia)
e do contato com uma consciência individual seus problemas nascem
os símbolos individuais (como, por exemplo, a imagem de uma bruxa
com as feições da mãe da pessoa). (JACOBI, 1991,
p.108) |
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Nilton
Kamigauti - 2008 |
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