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Inconsciente Pessoal e Sombra
 
O inconsciente pessoal se refere à parte do inconsciente que pertence exclusivamente ao indivíduo, é constituído das experiências vividas por um indivíduo e não pertencem a sua consciência.
 
 
 

 

 

[o inconsciente pessoal] contém material reconhecível, de origem definidamente pessoal; são aquisições do indivíduo ou produtos de processos instintivos que completam, inteiram a personalidade. Há ainda os conteúdos esquecidos ou reprimidos, mais os dados criativos. (JUNG, 1987, § 78, p. 33)

 

 
 

Tais conteúdos se aglutinam em torno dos complexos, assim, podemos dizer que o inconsciente pessoal é constituído por incontáveis complexos, mais ou menos estruturados, com mais ou menos energia.


Outra definição é a equiparação do inconsciente pessoal com a sombra. E a sombra enquanto parte da estrutura psíquica, também pode ser considerada arquetípica, apesar do seu conteúdo ser pessoal.


A sombra representa por um lado “tudo aquilo que não gostaríamos de ser” e por outro lado, é na sombra que também guardamos ricos potenciais, pois ao nos identificarmos e vivermos um lado, o trazemos à luz da consciência, reprimimos pelo menos um outro lado na sombra. A cada escolha, o ego deixa de viver muitas outras possibilidades que também se incorporam à sombra. Desta forma, a sombra guarda muitos potenciais que podem ser conscientizados nos fornecendo novos recursos.

 
 
 
Em geral, a sombra tem qualidades e características tanto negativas como positivas – e que são partes naturais da personalidade – mas o ego, por algum motivo, ou falhou em assimilar essas qualidades, ou as reprimiu de forma cabal [...] Outras vezes a sombra tem forças positivas espetaculares que o ego não quer assumir porque pode significar responsabilidade demais, ou uma alteração perturbadora da nossa limitada auto-imagem. (JOHNSON, 2003, p. 67)
 
 

Mas, quando o ego toma uma posição unilateral, polariza um lado, em que se discrimina e se identifica, guardando no mínimo o lado oposto que também se polariza na sombra seguindo o princípio da compensação(1).

 
 
 
[...] como a maioria das pessoas se identifica mais com as características que as tornam socialmente aceitáveis, a sombra em geral é desajeitada, inferior e às vezes um tanto maléfica ou socialmente desadaptada. (VON FRANZ, 1992, p. 90)

Quanto mais a pessoa se julga sempre correta, não vivendo nunca seu lado sombrio, mais ela o projetará e encarará os outros como malfeitores. O correto vive num estado de permanente indignação, derrotando a própria sombra sob a forma de uma pessoa exterior. Os clérigos, por exemplo, têm uma natureza muito problemática, pois a congregação espera que sejam sempre prestativos, afáveis, cordiais e virtuosos. Mas os pobres coitados também têm uma sombra, que não podem viver. Se o fizessem, a congregação inteira reprovaria. De forma que eles vivenciam sua relação com o mal precedendo-o nos outros e fazendo sermões. (VON FRANZ, 1992, p. 92)


 
 
Enfim, diante da luz da consciência se forma a sombra, e quando o ego não se posiciona de forma extremada, ou unilateralmente, a sombra representa potenciais, nos fornecendo substância e humanidade.
 
   
  (1) Compensação: função auto-reguladora da psique que visa o equilíbrio.
   
    Veja também matéria sobre "Sombra": Revista Vida Natural.
 
Nilton Kamigauti - 2008
 
   
Referencias
 
 
 
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