<VOLTAR<
Mentira - Reflexões
 
Quem nunca contou uma mentira? E quem nunca ouviu outras tantas?
 
 
 
Como definir a mentira? Não dizer a verdade?! Distorcer as informações da forma que convier? Ludibriar, enganar, dissimular, Inventar histórias, ou alterar os fatos? Não importa qual a definição, sabemos do que se trata a mentira quando nos deparamos com ela.
 
 
 
 

Se observarmos a nossa cultura, veremos que existem comportamentos convencionais que induzem a mentira, como por exemplo, o cumprimento entre as pessoas. Alguém pergunta: “-Como vai?” ou “- Como foi o seu fim de semana?”, e se espera que se responda “- Muito bem, obrigado. E você?”. Quem pergunta não quer saber detalhes de como a pessoa está, apenas demonstra algum reconhecimento, cortesia, e se dá a possibilidade de comunicar algo que seja atípico, do contrário ficasse apenas com o reconhecimento da presença de ambos. Então geralmente nas relações formais, quem pergunta não quer realmente saber, e quem responde não quer contar. Nestes casos a mentira pode servir para economizar, para evitar desgaste, constrangimentos, se preservar. É claro que não vale para relações de intimidade.

 
 
 
Numa visão psicológica, podemos pensar que se pode mentir para evitar a punição, o prejuízo provável de alguma experiência negativa traumatizante, onde houve uma fixação inconsciente e a pessoa se esquiva com o recurso da mentira, distorcendo a realidade para que o outro não lhe cause prejuízo qualquer. Evitando assim, o encontro com os conflitos internos. O que acaba promovendo uma dificuldade de crescimento pessoal, além de problemas de socialização e inimizades, perda da confiança nas relações em geral. Se não podemos enfrentar nossos conflitos também deixamos de crescer, pois é aprendendo a resolver os nossos problemas que crescemos nos fortalecemos ganhando novos recursos, aprendendo novas respostas, obtendo maior eficiência e promovendo melhor auto-estima real. É claro que todo esse processo envolve o autoconhecimento.
 
 
 
  Então, quando mentimos estamos evitando os nossos conflitos em ultima análise, e assim, deixando de crescer. Isso pode ocorrer por estarmos com nosso ego enfraquecido, sem força para enfrentar as dificuldades, as fraquezas, sem energia. E, normalmente de forma inconsciente, no caso, acabamos escolhendo a defesa, com o recurso da mentira. Isso pode gerar um ciclo vicioso, pois, evitando os conflitos deixamos de nos fortalecer. Daí uma mentira leva a outra, e quando se tem sorte às próprias mentiras induzem a se assumir a verdade, criando uma nova possibilidade de enfrentamento. Do contrário, as defesas poderão se intensificar, por exemplo, com o abandono, se priva da presença, evitando tocar no assunto.  
     
  Independente de julgamentos morais, a mentira é um recurso disponível a todos, e às vezes utilizada socialmente. No entanto, quando nos percebermos utilizando da mentira poderíamos parar para refletir, se não estaríamos antes de tudo mentindo para nós mesmos? E se for isso, qual a realidade que evitamos olhar objetivamente?  
     
 
 
Nilton Kamigauti - 2009
 
Referencias
 
 
 
<VOLTAR<