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Fase Urobórico, Matriarcal, Patriarcal, Alteridade e Cósmico
 
Assim como o corpo tem sua evolução, de cujas diferentes etapas ainda traz vestígios nítidos, assim também a psique. (JUNG, 1986d, § 38, p. 25)
 
 
 

Os estudos do desenvolvimento da consciência foram divididos por Erick Neumann (1990), a princípio, em quatro fases, etapas ou ciclos: Urobórico, Matriarcal, Patriarcal e Alteridade e Carlos Byington (1987) acrescentou mais uma fase, a Cósmica.

 
       
 
Oficialmente, Jung deteve-se na Etapa 5, embora em numerosos lugares indique que considerou a realização de novos avanços para além dela. Há sugestões em seus escritos para o que poderia ser considerado uma sexta e talvez até uma sétima etapa. (STEIN, 2006, p. 166)
 
     
 

A fase urobórica já foi descrita acima. Refere-se à fase onde nasce à consciência provinda de um todo indiferenciado. A partir do surgimento da consciência inicia-se o desenvolvimento da psique. O ego como centro da consciência também começa seu desenvolvimento.

Na fase posterior, fase matriarcal (relativo ao arquétipo materno), se refere ao estágio da consciência enquanto aos cuidados, sustentação, acolhimento, as necessidades básicas de suporte a vida física e psíquica.

Na fase patriarcal (relativo ao arquétipo paterno) a consciência se desenvolve para a socialização, conceitos morais, normas, leis, regras, hierarquização, disciplina, auto-controle, abstração, etc.
Na fase da alteridade (arquétipos anima ou animus ) a consciência se desenvolve para a abrangência do outro, e assim o ego se autodefine na dialética eu-outro. Os paradoxos anteriores encontrados nas fases matriarcal e a patriarcal são integrados para formar novas sínteses (como no casamento sagrado, a conjuction ), masculino e feminino, Sol e Lua, etc. “[na alteridade] buscando atualizar ao máximo o potencial de relacionamento não só da polaridade do Eu-Outro, mas de todas as polaridades de um modo geral, preserva e cultiva, em especial, a noção da bipolaridade dos símbolos.” (BYINGTON, 1987, p. 74)

 
 
 
 
No dinamismo da alteridade, a individualidade caminha para se diferenciar plenamente na medida em que o Eu se torna capaz não só de se afirmar como também de considerar a posição do Outro, a ponto de poder com ele se relacionar dentro da mutualidade. [...] [na alteridade] o todo é vivenciado através do Outro e, ao mesmo tempo, é essa vivência do todo que dá ao Eu a consciência da importância do Outro (ensinada com tanta ênfase no budismo e no cristianismo) (BYINGTON, 1987, p. 71-72)
 
 

 
 

Na fase cósmica (arquétipo do Self) a consciência se desenvolve para abranger além do ego (centro da consciência), considerando o centro organizador do ser em sua totalidade (o Self). Desta forma o eixo ego-self é melhor estabelecido. Assim, o Self como centro organizador passa a ser reconhecido pelo ego, a visão de totalidade integra as partes antes separadas pela consciência, incluindo também a existência enquanto individualidade e o mundo externo, antes vistos em separado, agora passam a ser envolvidos num visão única (unus mundus),

 
 


 
 
“[unus mundus é] a experiência num mesmo continuum energético. [...] o princípio atuante não é mais o de causalidade, mas o de sincronicidade, onde a conexão entre o evento interior e o exterior não é mais de causa e efeito, mas sim de simultaneidade.” (ALMEIDA, 2004, p. 77)
 
 


 
 

Do início ao fim, do nascimento a morte, corpo e mente se desenvolvem. Espera-se que a psique passe de um todo indiferenciado a uma consciência bem estabelecida e ampla. E assim como o corpo sofrerá seu devido crescimento enfrentando equilíbrios e desequilíbrios, momentos saudáveis e momentos de doença, a psique também sofrerá um desenvolvimento análogo, com períodos de equilíbrios e de desequilíbrios, fortalecendo o ego enfrentando os desafios e suportando as tensões entre os opostos, e ampliando a consciência com o surgimento dos símbolos, integrando aspectos então inconscientes, se tornando um ser mais integro e conciso na medida em que se auto-realiza enquanto ser único em direção ao Self, ao sagrado.

 
 
 

(6) “Jung concebeu esses arquétipos para representar exclusivamente símbolos femininos na personalidade do homem (anima) e masculinos na personalidade da mulher (animus).” (BYINGTON, 1987, p. 69)
(7) “Coniunctio: Um símbolo alquímico de uma união de substâncias desiguais; um casamento dos opostos em uma relação sexual que tem sua fruição no nascimento de um novo elemento. Isso é simbolizado por uma criança que manifesta um potencial para uma totalidade maior recombinando atributos das duas naturezas opostas.” (SAMUELS, 1986, p. 51)

 
 
Nilton Kamigauti - 2008
 
 
Referencias
 
 
 
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