|
|
Cada
complexo é constituído, segundo definição
de Jung, primeiro de um “elemento nuclear” ou “portador
de significado”; e estando fora do alcance da vontade consciente,
ele é inconsciente e não-dirigível; em segundo lugar,
o complexo é constituído de uma série de associações
ligadas ao primeiro e oriundas, em parte, da disposição
original da pessoa, e, em parte, das vivências ambientalmente condicionadas
do indivíduo. (JACOBI, 1991, p.18) |
|
|
O
núcleo afetivo dos complexos tem a capacidade de atrair conteúdos
psíquicos correspondentes ao mesmo. “o conteúdo afetivamente
acentuado [...] é constituído de um elemento central e de
um grande número de associações secundariamente consteladas(2)
.” (JUNG, 1985b, § 18, p.10)
A capacidade consteladora dos complexos está diretamente relacionada
a sua carga quantitativa de energia. “A força consteladora
do núcleo [afetivo do complexo] corresponde à sua intensidade
[valórica], ou à sua energia.” (JUNG, 1985b, §
19, p.11)
Os complexos gozam de uma certa autonomia, influenciando o indivíduo
como um todo, psique e corpo. “Não há diferença
de princípio algum entre uma personalidade fragmentária
e um complexo [...] são aspectos parciais da psique dissociados.”
(JUNG, 1986c, § 202, p. 31) e “[...] esses conteúdos
encontram-se, de uma forma ou outra, ligados com reações
fisiológicas” (JUNG, 1987a, § 148, p. 66). “O
complexo, por ser dotado de tensão ou energia própria, tem
a tendência de formar, também por conta própria, uma
pequena personalidade [...] Comporta-se enfim, como uma personalidade
parcial” (JUNG, 1987a, § 148, p. 66.) e “Eles [os complexos]
são grupos autônomos de associações, com tendência
de movimento próprio, de viverem sua vida independentemente de
nossa intenção” (JUNG, 1987a, § 151, p. 67).
Como visto anteriormente os complexos podem se encontrar mais ou menos
estruturados com mais ou menos energia. Se um complexo conter grande carga
energética ou estiver constelado, pode influenciar o ego alterando
a consciência. “Toda constelação de complexos
implica um estado perturbado de consciência. [...] o complexo é
um fator psíquico que, em termos de energia, possui um valor que
supera, às vezes, o de nossas intenções conscientes.”
(JUNG, 1986c, § 200, p. 30).
Os complexos fazem parte da estrutura da psique, que apesar de conterem
núcleos conglomerados, dinamicamente pertencem à totalidade
da psique, e se não extremados não representam patologia,
mas enriquecem a personalidade. Além dos complexos serem responsáveis,
em grande parte, por formar nossa personalidade individual ou única.
Assim, os complexos, que são os conteúdos do inconsciente
pessoal, podem nos revelar muito a nosso próprio respeito. “Os
complexos fazem parte da constituição psíquica que
é o elemento absolutamente predeterminado de cada indivíduo”
(JUNG,1986c, § 214, p. 37) e “[...] os complexos não
são totalmente de natureza mórbida, mas manifestações
vitais próprias da psique [...] [os complexos são] a via
regia que nos leva ao inconsciente” (JUNG, 1986c, § 210, p.
35).
|
|
|
(2
) Constelação: enquanto estrutura,
“O núcleo [do complexo] tem força consteladora , em
correspondência com seu valor energético. Ele gera uma constelação
específica de conteúdos psíquicos. Daí resulta
o complexo que é, por conseguinte, uma constelação
de conteúdos psíquicos dinamicamente determinada pelo valor
energético.” (JUNG, 1985b, § 19, p. 10-11). Enquanto
estado ou manifestação, “Um processo psíquico
que consiste na aglutinação e na atualização
de determinados conteúdos. A expressão ´está
constelado´, indica que o indivíduo adotou uma atitude preparatória
e de expectativa, com base na qual reagirá de forma inteiramente
definida.” (JUNG, 1986c, § 198, p. 29) |
|